"Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” – João 13.35.
Ele se chama João. Usa um cabelo desalinhado, uma camiseta cheia de buracos e jeans. Na verdade, este foi, literalmente, seu guarda-roupa durante os quatro anos de faculdade. É um rapaz brilhante, profundo e muito inteligente. Um filósofo, um pesquisador.
Do outro lado da rua do campus da universidade há uma igreja muito conservadora. Eles, inclusive, já tentaram desenvolver um ministério com estudantes, mas sem sucesso. Um dia, movido por curiosidade, João decide ir à igreja.
Ele vai como sempre andava: Jeans, camiseta furada e cabelo louco. O culto já havia começado e João começa a descer pelo corredor central em busca de um lugar para sentar-se. A igreja está completamente lotada e ele não consegue achar uma cadeira. As pessoas já parecem um pouco desconfortáveis, mas ninguém diz coisa alguma. João vai chegando cada vez mais perto do púlpito e, ao perceber que não há mesmo nenhum lugar, ele se senta no carpete em frente ao púlpito e prepara-se para ouvir a mensagem.
Neste momento as pessoas já estão realmente irritadas. A tensão é grande. O ambiente ficou pesado. Ninguém sabe como agir ou falta iniciativa para fazer algo. Felizmente, o pastor percebe que um diácono está vindo desde o fundo da igreja. O homem tem uns 80 anos, cabelo branco prateado e veste um terno completo. Ele é um cristão realmente piedoso, elegante, digno e muito educado.
Ele caminha equilibrando-se com ajuda de uma bengala, e enquanto ele caminha todos pensam para si mesmos que ninguém, afinal, pode culpar o velho por aquilo que ele vai fazer. Como esperar que um homem desta idade e com esta experiência de vida compreenda um jovem universitário sentado no chão diante do púlpito?
O velho leva um tempo quase interminável para alcançar a frente do templo.
Todos prendem a respiração.
A igreja está em silêncio absoluto quebrado apenas pelas pequenas batidas metálicas da bengala. Todos os olhos estão fitos no velho. O silêncio é fúnebre. O pastor levanta-se, mas não começa o sermão esperando que o diácono fizesse o que ele teria que fazer. E assim todos veem quando o velho homem deixa cair sua bengala no chão e com grande dificuldade se abaixa e se senta perto de João, para que ele não estivesse sozinho durante o culto. Todos se emocionam. Lágrimas aparecem nos olhos de muitos.
Quando o pastor consegue se controlar, ele diz: “O que eu vou pregar agora, vocês nunca lembrarão. Mas o que acabaram de ver, isto vocês jamais esquecerão.”
Escrito por Pr. Pedro Solomca publicado no Jornal Batista
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