O que os cristãos creram a respeito do inferno ao longo da história?
Após uma introdução
das três principais visões sobre o inferno, apresentamos aqui grandes
nomes da história e o que defendiam sobre o assunto. (acesse a introdução para ver o índice)
John Stuart Mill (1806-1873)
O filósofo inglês considerava moralmente contraditório crer em um Deus amoroso “que”, ainda assim, “pudesse criar um inferno; e que pudesse criar gerações incontáveis de seres humanos com a infalível presciência de que Ele os estava criando para aquele destino. Haveria alguma atrocidade moral que não pudesse ser justificada pela imitação de tal Deidade?” Ele retrucava: “Eu não chamarei um ser de ‘bom’ se, com isso, eu não puder significar o mesmo que quando aplico aquele epíteto às demais criaturas; e, se tal ser pode sentenciar-me para o inferno por não chamá-lo assim, para o inferno eu irei”.
Thomas Rawson Birks (1810-1883)
Thomas Rawson Birks, um influente
evangélico inglês e um calvinista moderado, defendia que aqueles que
estão no inferno, embora removidos da presença direta de Deus, ainda
assim teriam a oportunidade de passivamente observar e desfrutar da
bondade de Deus. Ele também rejeitava a doutrina calvinista da expiação
limitada e alargava o escopo da salvação para incluir aqueles que estão
fora da igreja.
J. W. Colenso (1814-1883)
O movimento missionário abriu os olhos
da Europa para a diversidade de culturas e religiões no mundo e, para
alguns, tornou a pregação do fogo do inferno não apenas moralmente
questionável, mas irrealista e ineficaz. Em seu comentário A Epístola de São Paulo aos Romanos, J. W. Colenso, bispo de Natal, na África do Sul, propôs um apoio paulino para a idéia de salvação post-mortem:
“Eu nutro a ‘esperança oculta’ de que há processos corretivos, quando
esta vida termina, a respeito dos quais nada sabemos no presente, mas os
quais o Senhor, o Justo Juiz, há de administrar, e veremos que Ele é
bom em sua Sabedoria.”.
As idéias de Colenso refletem a
influência que o darwinismo estava exercendo sobre a teologia cristã
naquele momento. Ele acreditava não apenas que haveria gradações de
punição após a morte, mas também que essas punições seriam corretivas em
sua função e efetuariam um crescimento ou progresso na direção da
iluminação espiritual. Sua reação contra a punição eterna baseava-se, em
parte, na sua aversão à hipocrisia de cristãos os quais, asseverando
que os pagãos iriam queimar eternamente no inferno, viviam de maneira
complacente e feliz, sem levantarem um dedo para remover o fardo da
perdição eterna daqueles a quem condenavam.
F. W. Robertson (1816-1853)
Assim como F. D. Maurice, F. W.
Robertson, ministro da Trinity Chapel em Brighton, via a vida ou a morte
eterna em termos de qualidade de existência, e não duração temporal. O
seu catecismo para a classe de “confirmação” incluía a seguinte pergunta
e sua respectiva resposta:
“P. Por que uma fé adequada é necessária à salvação?”
“R. Porque aquilo em que cremos torna-se
o nosso caráter, forma parte de nós, e o caráter é salvação ou
condenação; aquilo que nós somos, isso é o nosso céu ou o nosso inferno. Todo pecado carrega consigo a sua própria punição.”
Edward White (1819-1898)
Um ministro congregacional inglês, White
foi um dos principais proponentes da “imortalidade condicional”, um
esforço para encontrar uma terceira via entre a punição eterna e o
universalismo, ambas as quais assumiam a imortalidade natural da alma
humana. Os condicionalistas sustentavam que a alma é mortal e que a
imortalidade é um dom de Cristo aos redimidos. Portanto, os ímpios
serão, no final, aniquilados.
Uma das publicações mais importantes que expunham essa visão foi o livro de White Vida em Cristo.
White rejeitava o termo “aniquilacionismo” e, diferentemente de outros
condicionalistas, sugeria haver um estado intermediário da alma entre a
morte física e a “segunda morte” no Juízo Final, quando as almas dos
ímpios cessariam de existir. Atraído pela teoria darwinista, ele
descrevia o dom da imortalidade como um tipo de “seleção natural moral”:
“O Novo Testamento não ensina a sobrevivência dos mais fortes, e sim a sobrevivência dos mais aptos” – isto é, aqueles que possuem fé no amor redentivo de Deus.
Em um tempo no qual o destino espiritual
daqueles que pertenciam a outras culturas era muito debatido, White
rejeitou a doutrina da punição eterna como o ímpeto para as missões.
“Não existe nada menos do que uma DIFERENÇA MORAL INFINITA entre o
caráter de um Ser que IRÁ torturar um… homem ou mulher… por uma
eternidade sem fim e o caráter de um ser que NÃO o fará.”
O condicionalismo, ele acreditava,
evitava o problema moral de um Deus amoroso que pune eternamente os
homens, e, ao mesmo tempo, continuava a prover uma motivação urgente
para o evangelismo.
James Baldwin Brown (1820-1884)
Brown foi muito influenciado pelas
idéias evolucionistas populares em seu tempo e considerava a Queda não
uma fratura ou interrupção da criação, mas um passo no desenvolvimento
da criação em direção a um estado superior de existência. Ele acreditava
que a punição pelo pecado origina-se do próprio estado de
pecaminosidade – definido primariamente como auto-idolatria e
auto-interesse. O abismo do inferno é “a sepultura de uma alma viva”
sufocada em seu próprio pecado e atormentada pelo conhecimento de si
mesma. O verdadeiro arrependimento emerge não da tristeza por ter
violado a lei ou pelo temor de ser punido, mas pelo amor ao divino Pai.
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